20 de marzo de 2013

Verde

Verde


Verde. Como o jardim da nossa infância.
A grama, os pinheiros, as sebes.
Para além dos vidros do museu,
tênues matizes de verde
que iam se extinguindo no chegar da noite.
Fora, a lua saía.
Conversávamos, e tecíamos, e nos surpreendíamos.
Palavras espessas, olhares atentos, ouvidos à escuta.
Dentro, a luz crescia.

De cotovelos na mesinha do café da esquina,
num canto do tempo,
na minha frente o pulôver roxo,
teu sorriso branco, os olhos pretos arregalados.
Fora, o inverno madrileno.
Conversávamos, e tecíamos, e nos surpreendíamos.
Palavras espessas, olhares atentos, ouvidos à escuta.
Dentro, o calor da areia desenhada no lenço.

O ano novo chegou
e com ele as fotografias dos que já se passaram.
Na casa de chá, do mesmo lado da mesa,
percorremos a paisagem das crianças que fomos.
Fora, o azul límpido de um meio-dia ventoso.
Conversávamos, e tecíamos, e nos surpreendíamos.
Palavras espessas, olhares atentos, ouvidos à escuta.
Dentro, a gravidade do mel.

Na mensagem: na próxima vamos brincar
de gangorra e amarelinha como antigamente!
E a gente brincará, como antigamente.
Como antigos serão a poesia, o pôr-do-sol e o canto dos ventos.